terça-feira, 2 de agosto de 2011

Mister Maker?


Hit do canal infantil Discovery Kids, Mister Maker apresenta por trás das inovações narrativas um supreendente sabor gnóstico: simbolismos que remetem a uma nova sensibilidade infantil metalinguística. Na atualidade, as narrativas infantis adquirem cada vez mais conteúdos irônicos, conscientemente paródicos e reflexivos. As mitologias gnósticas parecem cair muito bem nesse universo.

Do nada surge Mister Maker (Phil Gallagher) em um fundo infinito branco. Ele se detém, pensa encolhendo os ombros e ... eureka!!! Uma idéia! Começa, então, a produzir diversos objetos em miniatura: sofás, prateleiras, mesas, janela, cortina, até construir uma pequena cenografia. Do alto observa, orgulhoso, a sua própria criação, com seus braços abertos envolvendo-a. De repente surge um efeito especial como uma poeira de estrelas e brilhos que envolve Mister Maker, trazendo-o para dentro da sua própria obra. A pequena cenografia transforma-se no cenário dentro do qual Mister Maker apresentará para a criançada suas invenções e trabalhos manuais.


Essa abertura do programa Mister Maker, do canal infantil Discovery Kids, tem uma simbologia sugestiva, no mínimo uma abertura inédita para um programa infantil desse gênero. Uma espécie de narrativa do gênesis é contada para sabermos de onde veio o universo comandado por Mister Maker.

Há um sabor gnóstico nessa simbologia. Ele é o Demiurgo (para os gnósticos forma híbrida de consciência emanada dos planos superiores, criadora do cosmos material como uma cópia imperfeita da plenitude do Pleroma), o artífice da cenografia e objetos e personagens do programa. Ele repentinamente surge em um fundo infinito (ele não foi criado mas “emanado”, segundo a mitologia gnóstica).

Assim como o universo físico criado pelo demiurgo é imperfeito (caótico, finito e fragmentado) por ser fruto de um acidente cósmico, o universo de Mister Maker é acidentado, desorganizado e sujeito a rebeliões (como a das “gavetas malucas”, protestanto por estarem cheias). Claro, tudo isso para o divertimento das crianças.

Também é simbolicamente sugestivo o quadro “minuto da arte” onde Mister Maker corre contra o relógio para construir uma das suas invenções. Depois de um minuto, Mister Maker volta o tempo (ou a “fita”) para explicar os passos, agora de forma lenta e compreensível. O tempo e o devir são a falha principal do cosmo criado pelo Demiurgo:

"As escrituras gnósticas dizem que o Demiurgo projetou ciclos de tempo como uma imitação pobre da eternidade atemporal. A ordem, a grandeza e a legitimidade do cosmos são adulteradas; e mais do que provável, sob a aparência de ordem imutável e da progressão casual o cosmos é caótico e casual" (HOELLER, Stephen. Gnosticismo: a tradição oculta, RJ: Nova Era, 2005, p. 201)"


Embora tenha criado o universo, ele é escravo do tempo e do devir. Situação irônica para as crianças: o criador de tudo correndo contra o tempo, sempre ironizado por um cuco maluco que sai do relógio. No final de cada programa, Mister maker fala: “minha hora de fazer arte acabou, mas a sua está apenas começando”. Correr contra o tempo e o tempo como devir, finitude, limite. Mister Maker quer ensinar mais do que como fazer arte e brinquedos: quer demonstrar para as crianças a fatalidade do tempo e a finitude da sua criação. 



O platônico Mundo das Formas

A parte das formas geométricas que criam desenhos também chama a atenção. Há um simbolismo platônico: a precessão das formas perfeitas sobre o mundo material. As formas roncam no alto da prateleira do Mister Maker, que acorda-as. Então, elas pulam do alto (o “Mundo das Formas” platônico) caem numa vertiginosa velocidade (sublinhado por efeitos especiais com os gritos das formas amplificados em efeitos dobrados e ecos). No chão elas dançam e se identificam. No final, uma das formas a identifica novamente, ilumina-se e formam uma figura com sua forma,ou tem que contar quantas vezes a forma é apresentada duas vezes e depois ascendem, de volta para o nível superior das prateleiras.

Jean Baudrillard falaria sobre a precessão dos simulacros: as formas perfeitas antecedem a realidade. Estão apenas à espera de que o criador/demiurgo as desperte para que realizem o “big bang”, o surgimento das formas concretas no cosmos físico.

Gênesis, criação, emanação, demiurgos, tudo isso para crianças? É claro que não estamos querendo com isso comprovar a existência de uma conspiração gnóstica para manipular crianças e pais desatentos. Mas, se Mister Maker lida com simbolismos (ou arquétipos) com um sabor gnóstico inédito para um programa infantil desse gênero (trabalhos manuais, artes e brinquedos) isso talvez seja o indicador de uma mudança de sensibilidade da nova geração: o predomínio de uma consciência “meta”. Afinal, Mister Maker não faz apenas arte e brinquedos: ele é o artífice da próprio universo por onde se movimenta (ao final, coloca todo o cenário de volta para uma caixa e tudo volta a ser fundo infinito).


http://cinegnose.blogspot.com
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3 comentários:

  1. mister meiker não acredito que estou mandando um comentario para voce estou tremendo o meu nome é natalia dickow sou soa maior fã

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  2. É a Natalia de novo por favor leia o meu comentário e me diz como faz tudo aquilo eu estou usando o computador das minhas tias e eu queria muito de te ver pessoalmente tenho 10 anos e falo do Rio Grande do Sul, PANAMBI!

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  3. Ai Meu Deus, eu não sou o Mister Maker OO', se você conseguir ler, você vai entender que ele é um péssima influencia para você!

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